O Mercado é complicado. É burocrático. Cheio de frescura. Se não agüentar, não entra!
O Trabalho é rígido. É duro. E obrigatório. Ruim com ele, pior sem ele!
Desde o inicio do século XX, e mais fortemente depois da Segunda Guerra Mundial, o jovem tem sido convocado se tornar-se um profissional competitivo para o mercado de trabalho.
Até o início dos anos 90, os cursos de datilografia atraíram grande parte deste público.
No entanto, com o advento e democratização das tecnologias, os cursos de informática tomaram a frente.
Nas universidades, cursos como ciências contábeis e administração têm oferecido as bases para a formação de profissionais capacitados.
As empresas cobram que o trabalhador fale inglês fluentemente, o que faz aumentar a oferta de escolas de idiomas.
Toda essa impulsão à especialização, fortalecida pela mídia, pelos sistemas de ensino e pela própria situação histórica em que vivemos tem causado, dentre vários benefícios, dois grandes prejuízos para o bolso e para as mentes de pais, jovens e donos de construtoras, na maior parte do Brasil.
1. Muitas escolas de capacitação profissional prometem falsas vagas de estágio: a reportagem do Jornal da Globo desta noite denunciou escolas que, além de oferecer cursos caríssimos de informática básica, afirmam ter convênios com grandes empresas, para atrair o público. Ao serem entrevistados, os funcionários afirmaram que, na verdade, oferecem encaminhamento ao mercado de trabalho e não emprego garantido. Ora, em vez de pagar um curso de 300 reais mensais para aprender a usar um PC, você pode comprar o aparelho e usá-lo do jeito que quiser.
Além disso, qual o efeito de procurar um emprego com uma carta de recomendação da empresa onde se faz o curso? De qualquer forma, é sua competência (ou seu nível de proximidade com os diretores da empresa) que vai ser avaliada.
2. A procura pela tão sonhada e falada capacitação levou a população jovem a se distanciar de trabalhos que, nas entrelinhas, sempre foram desvalorizados. Dentre eles, o de pedreiro e servente de pedreiro.
Em cidades como São Paulo, por exemplo, onde a construção civil gera empregos durante todo o ano, as construtoras tem sentido a necessidade de contratar trabalhadores de outras partes do estado e até mesmo do país, para que possa acompanhar a demanda, que aumenta, graças a outra criação do fim do século XX, o planejamento familiar.
As famílias estão cada vez menores,em números de participantes, e cada vez aumentam em número, causando a necessidade de fazer mais casas e apartamentos.
Nessa mesma noite, em reportagem ao mesmo Jornal da Globo, um mestre de obras afirmou que os jovens devem atentar para as possibilidades de emprego que a construção civil abrirá nos próximos anos. Afirmou também que este público deve mudar sua mentalidade.
O Mercado manda. Desde que o momento em que o vapor se fez ferro, na Inglaterra. E antes disso, talvez!
Mas, o Mercado é complicado. E quando Mercado e Trabalho se juntam, fazem um baita fuzuê!
E agora? Alimentar o mercado das falsas promessas de trabalho, em busca de uma especialização e capacitação, para se tornar digno de entrar no Mercado e beijar os pés do Trabalho; ou desistir dessa idéia e se voltar para a construção civil, construir as moradias brasileiras e, quiçá, morar numa delas?
O Mercado e o Trabalho se alimentam. São realmente uma dupla imbatível. O século XXI que os aguarde.
Este é o outro lado da contemporaneidade.